A médica Morgana Kummer, especializada em ultrassonografia em geral, ginecologia e o universo feminino, está em Sete Lagoas desde 2016, mas já atuava na cidade há mais de sete anos.
Um episódio em Belo Horizonte a fez mudar de vez para o município, decisão que ela considera “a mais acertada da minha vida”. Identificada e feliz com o que uma cidade do interior pode proporcionar, ela tem como lugar preferido a Lagoa Paulino. “A água sempre me trouxe uma sensação de paz de espírito e era isso que me faltava em Belo Horizonte”, conta. Veja a entrevista:
Morgana Kummer com o marido e filhos: escolheram SL
Quando e por que veio para Sete Lagoas?
A mudança para Sete Lagoas aconteceu em março de 2016. Penso que foi a decisão mais acertada da minha vida. Já trabalhava em clínicas de ultrassom aqui por mais de sete anos e as viagens de carro não estavam sendo muito seguras, além do cansaço físico. Sempre pensei em criar meus filhos numa cidade mais interiorana, longe do caos do tráfego e da insegurança. Belo Horizonte, principalmente no Grajaú, onde eu morava, estava ficando cada vez mais perigoso. Toda semana tinha relato de alguém que tinha sido assaltado, ou teve o carro roubado ou foi assassinado por causa de algo sem valor. Em 2015 sofremos um assalto a mão armada na porta de casa, quando voltávamos do supermercado. Graças a Deus os meus filhos não estavam lá e os assaltantes só levaram o carro. Foi meio que a gota d’água para gente resolver se mudar de lá de uma vez por todas. Já havia cogitado com meu marido a possibilidade de mudar para cá um dia e, como o trabalho dele não depende de um espaço físico, tínhamos tudo ao nosso alcance. Era só decidir e fazer acontecer. Então, após 20 anos morando na capital, com dois filhos pequenos e nenhuma qualidade de vida, não vi alternativa a não ser mudar completamente meu presente e futuro, vindo para Sete Lagoas.
Qual o local que mais gosta da cidade e por que?
Gosto muito de subir no topo da Serra de Santa Helena, mas se tivesse que escolher um lugar, escolheria a Lagoa Paulino. A água sempre me trouxe uma sensação de paz de espírito e era isso que me faltava em Belo Horizonte. Adoro me sentar num bom restaurante na beira da lagoa e jantar a noite, desfrutando do reflexo das luzes no espelho d'agua.
O que motivou você a escolher essa profissão?
A Medicina sempre foi uma constante na minha vida, muito por influência do meu pai, neurologista, que me motivou a seguir a carreira dele. Desde cedo nos estudos eu sabia que faria algo social, algo com a qual eu pudesse ajudar as pessoas de alguma forma. E a medicina me deu essa oportunidade.
Qual a sua trajetória profissional?
Não foi fácil chegar onde estou hoje. Consegui entrar na faculdade de medicina após quatro anos intensos de cursinhos. Até que passei na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Quis desistir no 6º período quando comecei a perceber que a vida na medicina não era aquela perfeição que eu ingenuamente pensava. Meu pai me ajudou bastante me aconselhando a pelo menos terminar o curso e depois decidir qual residência fazer. Durante a faculdade pensei em seguir carreira na cirurgia geral, radiologia ou ginecologia, mas quando vi que meu objetivo pessoal maior era constituir família e ser presente na vida dos meus filhos, desisti. Nesse ponto eu estava perdida, sem saber qual área seguir. Foi um período de muitas incertezas e ansiedade. Trabalhava com clínica médica e em empresas de medicina ocupacional para começar a ganhar algum dinheiro. Somente em 2009 que um professor da faculdade me orientou a fazer uma especialização em ultrassom na escola que ele tem em Belo Horizonte. Não vou mentir que entrei no curso completamente cética! Como assim o ultrassom podia me dar a oportunidade de ter minha profissão sem interferir na criação dos meus filhos? O tempo precisou passar somente alguns meses para eu ter a certeza de que tinha encontrado meu lugar no mundo. Já são 10 anos de experiência e os estudos nunca param. Em 2017 uma nova oportunidade bateu a minha porta: de poder abrir minha própria clínica de ultrassom aqui em Sete Lagoas, e poder ter a liberdade de colocar em prática os meus valores e anseios. Vejo uma população carente de atenção, às vezes mais do que de saúde. Poder trabalhar com aquilo que gosto é um sonho que poucas pessoas têm.
O que você acha que Sete Lagoas mais precisa?
A cidade precisa de um pouco mais de cuidado, principalmente no que diz respeito aos calçamentos e asfaltos. Muitos bairros, mesmo os mais nobres, estão à base dos “tapas buracos”. Cada temporada de chuva, e o chão se abre novamente. A assistência pré-natal em todos os postos de saúde com médicos ginecologistas também seria um sonho, mas sabemos que é uma realidade difícil de atingir.
Quem é?
Dra. Morgana Kummer é graduada em Medicina com especialização em Ultrassonografia Geral. A profissional nasceu em Belo Horizonte e logo fui morar em Teófilo Otoni, nordeste de Minas Gerais. Aos 18 anos voltou para a capital mineira para dar continuidade aos estudos e ingressar na faculdade. O seu encontro com Sete Lagoas foi em 2016, quando se mudou com toda a família. Dra. Morgana é casada e tem dois filhos.
Celso Martinelli
