Sete Lagoas vive o segundo pico da Covid-19

O primeiro pico foi entre julho e agosto, com 268 novos casos registrados em uma semana. Agora, foram 248. Em entrevista, o secretário municipal de Saúde, Flávio Pimenta, dá detalhes do combate a epidemia 

04/12/20 - 10:10

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas

Sete Lagoas registrou na sexta-feira passada (27/11) o maior número de casos confirmados da Covid-19 em 24 horas, desde o início da propagação da doença. Conforme informação do boletim epidemiológico municipal, foram 77 casos positivos da doença em apenas um único dia. E de lá para cá, o número de novos casos positivos vem se mantendo alto: no final de semana foram 86 novos casos e, na terça-feira, mais 76 diagnósticos da doença. 

Para Flávio Pimenta, secretário de Saúde, Sete Lagoas teve seu pico de casos entre a 31ª e a 35ª semana epidemiológica. “Isso se deu entre julho e agosto, quando tivemos o maior número de casos positivos, maior aumento de internações em enfermaria e UTI e também de óbitos. Não dá para afirmar que o que estamos vendo aqui seja de fato a segunda onda, mas as características são semelhantes”, afirmou.

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Flávio se baseia em números para a economia não voltar a parar. “Apesar do aumento no número de casos, o percentual de ocupação de leitos e a taxa de letalidade continuam baixos na cidade. São fatores que também contribuem para a pontuação da cidade do Minas Consciente e, nesses quesitos, Sete Lagoas ainda tem os melhores resultados do Estado e do país entre municípios do mesmo porte. Portanto, podemos dizer que temos a situação sob controle, pois não há desassistência aos pacientes que necessitam de internação. Nesta semana, um lote de 10 mil testes rápidos, adquiridos pela Prefeitura, chegaram à cidade”, completou. 

Confira entrevista:

Qual a situação da evolução da pandemia da COVID em SL no momento? 
Desde o dia 14 de outubro, na 42ª semana epidemiológica, houve uma importante mudança no protocolo de testagem, que passou a prever a realização de exames em todos os casos suspeitos de Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave em Sete Lagoas. Com isso, obviamente, aumentou nossa capacidade de detecção da COVID-19. Estamos atualmente experimentando um novo pico de casos. No entanto, eles têm características epidemiológicas diferentes do primeiro pico. Os casos positivos agora são menos graves e acometem pessoas mais jovens. O número de óbitos e de internação de casos graves, ao contrário do que vemos entre os casos positivos, não aumentou. 

Há risco de uma segunda onda de infectados ou nem saímos da primeira?
O que se vê na Europa, onde já há uma segunda onda acontecendo, é semelhante ao que estamos presenciando aqui: alta no número de infectados, infectados mais jovens, casos mais leves que não representam aumento na taxa de letalidade ou nas internações. Não dá para afirmar que o que estamos vendo aqui seja de fato a segunda onda, mas as características são semelhantes. No entanto, há grandes diferenças nesses dois cenários. Na primeira onda da Europa, havia uma defasagem grande de leitos de UTI, uma população mais idosa sendo acometida pela doença e, por isso, casos mais graves. Além do mais, ainda não havia protocolos eficazes de tratamento. Lá houve um severo lockdown, que não foi capaz de frear a gravidade da pandemia. Tanto a situação é diferente que, a nível de comparação, durante o pico da primeira onda na Itália, a taxa de letalidade era de 14,5%. Aqui em Sete Lagoas, durante o pico, nosso índice de letalidade não passou de 1,8%, mesmo com grande parte do comércio aberto e as filas nas lotéricas e nos bancos. Hoje, nossa taxa de letalidade é de 1,63%. 

Os resultados dos testes em casos suspeitos, estão demorando mais para sair?
Em virtude da mudança de fluxo e critérios para testagem estabelecidos pela Funed, e pela falta de insumos para realização dos testes, já que o Estado não está fornecendo, nossos exames, desde terça (1), estão sendo encaminhados para a Fundação Ezequiel Dias. Cabe esclarecer que essa é uma situação temporária, até que a compra dos reagentes seja feita pela licitação do município (processo já em andamento). Além disso, como já mencionei, a Prefeitura adquiriu 10 mil testes rápidos, que já estão sendo distribuídos entre as unidades de saúde. 

O que se espera desse recuo para a Onda Amarela, anunciado pelo Estado na última quarta-feira? 
Como é de conhecimento de todos, Sete Lagoas, por decisão judicial, é obrigada a seguir o Minas Consciente. Por isso, acompanhamos a onda da Macrorregião Central, onde estamos inseridos. Os números da região, e não só os de Sete Lagoas, desencadearam esse recuo. Ele aconteceu em quase todo o Estado em virtude do aumento de casos. 
 

Considera que as decisões tomadas até aqui foram acertadas? Faria algo de diferente, se pudesse? 
Todas as decisões foram circunstanciais, tomadas dentro da realidade do momento, das condições técnicas e financeiras e de acordo com o entendimento que tínhamos em cada fase da pandemia que enfrentamos até agora. Acredito que acertamos mais que erramos. Os números mostram que nossas ações foram acertadas. Somos a segunda cidade do Brasil entre municípios com população de 200 a 300 mil habitantes com menos óbitos, nenhum paciente - de Sete Lagoas ou da região - morreu por falta de atendimento, de estrutura ou de medicamento durante a pandemia. Então isso me faz crer que foram decisões acertadas, sim. 

Qual recado para comerciantes, empresariado e população em geral? 
O poder público está fazendo sua parte. Equipamos a cidade para atender aos casos mais graves e montamos um laboratório de testagem que é referência no país. Em Sete Lagoas não há falta de leitos, de testes ou de medicamentos e materiais médico-hospitalares. Mas precisamos que a população faça a sua parte para evitar que a situação se agrave.

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Por Celso Martinelli
 

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