No mês de maio de 1994, a pesquisa Datafolha apontava Lula com 42% das intenções de voto na corrida presidencial.
No dia 1º daquele mês, o então Presidente Itamar Franco lançava a Unidade Real de Valor – URV para fazer a transição do Cruzeiro para o Real. Em julho ele lançava o Real, o que faria em outubro, Fernando Henrique Cardoso se eleger Presidente em 1º Turno. Lula iniciou em maio de 1994 a Caravana da Cidadania que percorreria o Rio São Francisco da nascente, em São Roque de Minas, até a sua Foz no Estado de Alagoas. Encontrei-me com a Caravana em Belo Horizonte e a segui até a cidade de Três Marias. Passando por Sete Lagoas, Lula fez um pequeno comício à margem da Lagoa Paulino e, após, foi oferecido a ele um almoço no Mirante, do Chef Roberto Miranda. Eu era candidato a Deputado Estadual.
Nesta foto, tirada pelo meu amigo João Luiz da Silva Jr., eu estava ladeado por Lula, pré-candidato a Presidente, e por Carlão Pereira, pré-candidato ao Governo de Minas. Foi um dia memorável; estava cheio de confiança na altura dos meus 27 anos. A Política nos enche de esperanças quando somos jovens, move nossos ideais e nos deixa extasiados fazendo com que nos falte o devido senso crítico. Agora na maturidade, após Lula ter sido Presidente, analiso como a década de 90 foram anos de plantio para a esquerda brasileira. Através das Caravanas da Cidadania, Lula conheceu o Brasil profundo, estabeleceu uma relação íntima com o povo brasileiro, governou incluindo os mais pobres no Orçamento da União, acertou em várias políticas públicas e errou em outras. O Brasil, que parecia caminhar para ser uma sociedade mais desenvolvida, acabou por optar pelo retrocesso. Será que após o plantio faltou-nos o cuidado devido com a nossa Democracia? A realidade se impõe de maneira abrupta e sem piedade. Dos anos de sonhos políticos quase pueris, restaram a reificação de momentos como este, que ainda faz brilhar no íntimo a esperança por uma sociedade mais justa e fraterna. A luta sempre continuará!
Ênio Eduardo
