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Flávio de Castro: Negócio!

30/07/19 - 08:41

Flávio de Castro
Flávio de Castro

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Eu vivo às turras com os meus quilos a mais. Pessoalmente não tenho nada contra eles, mas os médicos têm. Eu verifico o resultado de minha luta quase sempre inglória contra eles na Farmácia Fonseca, ali na Monsenhor Messias. Nesta semana, ao pesar, me deparei com um aviso: depois de 60 anos, a Fonseca vai encerrar suas atividades. Final dos tempos!

 

Desconheço o porquê desse fechamento. Mas uma coisa é certa: as pequenas e médias farmácias estão com os dias contados. Desde que os grandes grupos do ramo entraram em Sete Lagoas, a sua sorte foi lançada. Há quem chame essa nova época de modernidade. Eu dou um nome mais simples: negócio!

 

A balança é em si emblemática. A da Fonseca é simples, confiável e gratuita. Nas grandes drogarias elas têm mil e uma utilidades: tiram pressão, medem altura, falam papai e, por acaso, pesam. Você só quer pesar, mas é levado a descobrir novas doenças e, sobretudo, pagar por isso!

 

Dizem que a competitividade torna os medicamentos mais baratos. Não creio. Não conheço nenhum outro produto com preços tão flutuantes quanto remédio: o preço de tabela é 100, mas sai por 10, desde que você dê o seu CPF. Na verdade, o que as grandes farmácias fizeram foi fazer de remédio um fetiche. Você quer comprar uma aspirina, pega um carrinho e acaba fazendo um supermercado: aspirina, ração pra cachorro, adubo pra planta, Coca-Cola, chocolate, vitaminas. E óbvio: paga uma nota, em 3 vezes no cartão!

 

Um dia, talvez, a gente se arrependa de ter embarcado nessa modernidade toda. Não só no ramo farmacêutico, mas também no educacional, no de suprimentos e mil outros, que viraram nichos de grandes negócios. Remédio, educação, comida, cultura, tudo está sendo convertido em commodity e reduzido a grana.

 

Veja, caro leitor: as pequenas e médias farmácias eram personalizadas, não raro lhe atendiam pelo nome, prescreviam-lhe apenas o necessário. Além disso, formavam um ecossistema econômico: seus inúmeros proprietários eram daqui e reinvestiam seus lucros aqui. Agora não, os sorrisos são de plástico, você é apenas mais um na fila do caixa. Você gasta o que não precisa e o seu pobre dinheirinho se converte em lucro de um meganegócio que é reinvestido em algum lugar, mas não aqui. Modernidade ou capitalismo selvagem que chama?

 

Em tempo: à Farmácia Fonseca, por tantos quilos pesados, repito o que li lá no derradeiro aviso: gratidão!

 

Flávio de Castro

fjrcastro@gmail.com

 

Flávio de Castro

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