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Érika Nogueira: Egoísmo temporário
Hoje resolvi contar, através dessa crônica, o que me aconteceu há mais ou menos uns dois meses. Quem me conhece sabe que gosto muito de conversar, trocar ideias e experiências. Também não tenho o costume de deixar assuntos pendentes. Quanto antes resolvidos, melhor. Pois bem, eu tinha um assunto para resolver com uma pessoa muito querida. Em 15 dias eu havia tentando falar com ela algumas vezes sem retorno. Então decidi mandar um áudio, já que atualmente quase tudo se resolve dessa forma, não é mesmo? Quando eu vi que ela havia me respondido (com outro áudio) eu fiquei surpresa.
Porém, quando ouvi o bendito áudio, a decepção tomou conta de mim. Ela simplesmente disse que não ia escutar o que eu havia mandado porque estava muito ocupada e extremamente concentrada no seu trabalho e ouvir o que eu tinha a dizer poderia atrapalhar sua concentração e concluiu falando que assim que passasse esse período de turbulência, a gente poderia conversar. Depois dessa resposta eu fiquei pensando no quanto a gente se desgasta à toa por coisas que realmente não valem a pena. Devo ressaltar que tenho quase certeza de que ela não iria perder seu foco com o que eu ia lhe dizer. Não vou negar que tínhamos um problema (fácil, diga-se de passagem) para ser resolvido. No entanto, a minha intenção era, além de resolver isso o mais rápido possível, lhe parabenizar pelo trabalho que estava realizando. Queria que soubesse que estava torcendo por ela.
O que eu quero dizer com tudo isso? Que as pessoas não estão à nossa disposição o tempo todo da mesma forma que também não estamos sempre disponíveis. O problema é saber até que ponto uma atitude como essa é uma questão de focar em uma determinada tarefa ou se não é apenas egoísmo. Aliás, egoísta foi a palavra que essa pessoa usou depois para se desculpar comigo. Disse que estava passando por um momento difícil, que precisava ficar sozinha.
Eu entendi mas fiquei indiferente já que em nenhum momento ela demonstrou interesse em saber o que eu queria dizer naquele dia. Também não ia adiantar falar nada pois eu já havia perdido completamente a graça. É muito ruim tentar uma aproximação com alguém que não nos quer por perto. É como se a pessoa usasse um escudo: você se aproxima e ela te afasta. A sensação é péssima. Fiquei uns bons dias frustrada com essa situação mas felizmente passou. Não sou do tipo que guarda mágoas. Prefiro viver em paz com todo mundo.
Hoje em dia conversamos sem problema algum. O tal assunto pendente ficou esclarecido nas linhas desse texto. Se um dia ela ler as palavras aqui escritas, saberá tudo o que eu queria lhe falar e se lembrará do dia em que o seu egoísmo temporário não permitiu que isso acontecesse.
