De Sete Lagoas para as telas da Rede Globo

28/12/20 - 09:34

A sete-lagoana Camila Botelho tem 25 anos e é sucesso na Rede Globo, na série Desalma, já aclamada pela crítica. É filha do engenheiro Raul Otávio da Silva e da corretora de imóveis Shirley Botelho. A atriz tem três irmãos: Rafael, André e Alexandre. Rafael é professor, André é policial e Alexandre era estudante de Direito na UNIFEMM, quando faleceu, em 2012. “Depois que o meu irmão faleceu minha relação com a cidade ficou um pouco estranha, pois éramos muito amigos. Ele era 9 anos mais velho que eu. Ele também era alternativo, metaleiro, cabeludo. Então alguns lugares me remetiam muito a ele e, por isso, fiquei um tempo afastada da cidade. Mas agora, meus pais e alguns amigos voltaram pra cá. E outros continuam visitando as famílias nas férias e fins de semana”, conta. 

Como começou a sua carreira artística?
Estudei no Arthur Bernardes quando era criança e comecei a fazer teatro lá. Depois fui pro CNEC-CEI e, por fim, para o Anglo. Em todas as escolas eu fiz teatro. No Anglo, meu professor era o Douglas Lins, com quem comecei a ter um contato mais profissional com a arte cênica. Viajamos pra apresentar peças, participamos de um festival na Casa da Cultura e até chegamos a apresentar em algumas empresas. Cursei administração pública na Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte e, ao mesmo tempo, entrei no curso de teatro do Palácio das Artes, o CEFART, que era quase uma graduação (foram 3 anos estudando à noite, todos os dias). E ainda formei um coletivo feminista de performance, o coletivo Transborda. Nós fizemos uma cena curta que abordava questões de gênero em 2015 e ganhamos o festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto. Além disso, fizemos vídeos, intervenções, fotos, etc. Em 2014, um diretor de cinema de BH me viu no Palácio e me convidou pra fazer teste pra um filme. Então passei a estudar cinema por conta própria e participei de vários curta-metragens independentes. Fiz produção, roteiro, direção de atores, e até cheguei a dirigir um curta. Então eu me tornei funcionária pública. Alguns meses depois de começar a trabalhar, eu recebi um convite da Globo. Tinha estado há um ano no Rio de Janeiro, onde fiz meu cadastro de atriz no PROJAC. Então me ligaram, convidando para fazer uma espécie de workshop, onde teria aulas e faria uma peça de teatro no fim do processo para nos apresentarmos para os produtores de elenco. Eu aceitei e, com isso, precisei largar o serviço público. Fiquei alguns meses fazendo vários testes pra séries, filmes, etc, até que passei no de Desalma. E aqui estou

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Como era sua vida e rotina em Sete Lagoas?
Morei no bairro Bom Jardim na infância e na adolescência, no Centro. Meus pais sempre me deixaram bem livre para sair sozinha. Passava bastante tempo com os meus amigos, que eram a galera do teatro e da música. Ia bastante aos shows de rock no Opinião e nos festivais das escolas de música. Fazia as aulas de teatro e, durante um tempo, fiz também de violão e guitarra. Passava minhas tardes na biblioteca da cidade. Gostava muito de pegar livros e ficar lá lendo. As vezes levava meus materiais pra estudar as matérias da escola também. Era uma época ainda sem smartphone. Não tinha muito o que fazer em casa, então encontrava os amigos, ia tomar sorvete, caminhar na lagoa. Sentava nos banquinhos da praça do CAT ou do Regina Pacis e ficava por horas filosofando com a galera. Às vezes alugava filmes nas locadoras que já nem existem mais. Aos fins de semana gostava muito de ir com os amigos à Serra Santa Helena.

Qual sua relação com a cidade atualmente? Gosta de sair aqui, tem vínculos de amizade?
Depois que o meu irmão faleceu, em 2012, minha relação com a cidade ficou um pouco estranha, pois éramos muito amigos. Ele era 9 anos mais velho que eu. Ele também era alternativo, metaleiro, cabeludo. Então alguns lugares me remetiam muito a ele e, por isso, fiquei um tempo afastada da cidade. Meus pais se mudaram pra BH e meus amigos também foram fazer faculdade fora. Não sobraram muitos vínculos em Sete Lagoas na época. Mas agora, meus pais e alguns amigos voltaram pra cá. E outros continuam visitando as famílias nas férias e fins de semana. Então antes da pandemia, quando dava, a gente se encontrava. Como estou longe há um tempo, perdi um pouco da conexão, mas sou muito grata por ter passado parte tão importante da minha vida aqui.

Como está sendo participar da série Desalma, já sucesso de crítica?
Foi incrível, o maior trabalho que fiz, tanto de tempo quanto de visibilidade. Tenho recebido vários feedbacks positivos. Gravamos no ano passado durante 5 meses e foi bastante desafiador. Passei esse ano inteiro na expectativa da estreia e agora vamos começar a gravar a segunda temporada. Minha personagem deu uma crescida, uma reviravolta (não posso falar mais senão é spoiler rs), então acho que agora o desafio vai ser maior ainda. Mas é maravilhoso ver na tela o fruto de um trabalho que foi tão gostoso de fazer. Foi uma união gigantesca entre a equipe. Todos os atores viraram amigos, sobretudo o elenco mais jovem.

Quais planos e projetos futuros?
Gravar a segunda temporada, que só vai acabar no meio do ano que vem. E, depois, não sei! Estou morando em São Paulo e pretendo continuar por lá trabalhando como atriz. Durante a pandemia comecei a faculdade de fotografia. É a minha segunda paixão, então talvez seja uma atriz-fotógrafa rs. Mais pro futuro ainda, quero fazer um mestrado, mas quero, principalmente, continuar sendo atriz, me aprimorar cada vez mais e pegar mais projetos legais como esse.

por Celso Martinelli

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