Élida Gontijo - A surpresa

06/11/20 - 15:00

A coisa que mais gosto de fazer é explorar lugares que não conheço, não importa se é em alguma cidade ou mesmo no campo. No feriado de finados, estando em um sítio, resolvi pela manhã fazer um passeio, descobri através de uma moradora, que no alto de um grande morro havia uma capelinha de Nossa Senhora do Rosário. Eu como fã número um de Nossa Senhora resolvi conhecer essa capelinha, estava sozinha, comecei a caminhar pela estrada de terra, com uma paisagem  maravilhosa . Parava para admirar um pequeno riacho com águas bem clarinhas, escutando o cantar das cigarras.Parecia uma grande orquestra, o ar era tão puro, limpava meus pulmões. Caminhava por uma estrada que às vezes passava um carro, como é bom curtir as belezas da natureza sem pensar em nada, em ninguém. Meu foco era chegar à capelinha, mesmo sabendo que estaria fechada, mas rezaria do lado de fora e comtemplaria toda aquela beleza de cima de um grande morro.

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Adoro conversar com as pessoas dos lugares que estou explorando, conhecer os costumes, o linguajar típico de cada região. Encontrei com um senhor empurrando um carrinho de mão levando uns tambores, perguntei sobre o caminho para a capelinha, explicou-me que teria de sair da estrada principal e pegar uma trilha, passando por fazendas, gostei da ideia e segui as orientações recebidas. Passei por uma porteira, parei para ver a organização de um formigueiro, as formigas uma atrás da outra carregavam imensas folhas, uma organização invejável. Mas tinha uma trilha íngreme a seguir, continuei a caminhada, ia conversando sozinha, pensando como Deus é maravilhoso, um grande criador de encantamentos. O sol já estava esquentando, não gosto de bonés, deixei toda vitamina D invadir meu corpo, sentia um cheiro gostoso das plantinhas do mato, havia chovido em dias anteriores. Seguia em frente, com um detalhe acreditei no ali do povo da região, mas que na verdade era bem, bem lá.


Quando já avistava a capelinha, percebi que teria de passar por uma grande descida e uma subida bem pesada , será que para chegar ao céu é assim? Continuei, mas aí veio a primeira surpresa, ao longe avistei uma vaca preta, nada contra sua cor, não sou preconceituosa, mas teria de passar ao seu lado, não tinha escolha, pensei, pensei, resolvi desviar, seria mais longe um pouco, mas não passaria medo, mudei a rota tendo a cruz da capelinha como meu norte. Aí sim a surpresa dobrou , triplicou, apareceram não sei de onde, parece que brotaram de repente, vacas, bois e bezerros, agora eram brancos, para me fazerem mais medo, lembrava do meu pai falando que o gado Nelore é branco e muito bravo. Nunca vi uma pessoa correr tanto, ali vi que não estou sedentária, passei por debaixo de diversas cercas em minutos, com este tamanho todo, em algumas delas não escondo, tive de arrastar no chão. Do outro lado da cerca as vacas mugiam, não entendia nada, quase pedi para repetirem, mas tinha pressa e queria distância, só pensava no tamanho daqueles chifres me dando uma chifrada, uma delas estava com muito amor com um lindo bezerrinho. Larguei a proposta de conhecer a capelinha e tomei o caminho de volta , ia conversando com Nossa Senhora do Rosário :-Minha santinha me proteja, não me deixe encontrar com mais nenhuma vaca, prometo da próxima vez vir preparada para conhecer sua capela. Sentia um alívio percebendo  que as vacas iam distanciando. Cheguei a uma porteira trancada com um imenso cadeado e aí Élida o que fazer? Passar por baixo , por cima tinha arame , arrastei categoricamente, fiquei me imaginando um soldado em um campo de batalha, ria de aperto e pensava se meus amigos me vissem deste jeito iriam rir demais. Venci os obstáculos e achei a estrada principal, encontrei novamente o moço que me ensinou o caminho agora já sem o carrinho, mas com  duas pencas lindas de banana da terra, perguntou se tinha gostado da capela, contei toda minha aventura, riu muito de mim , falou que as vacas eram muito mansas poderia passar as mãos nelas,  ri também e falei que ficaria para próxima conhecer a capelinha, como prêmio de consolação me deu uma penca das bananas .Agradeci , voltei para casa do sítio para contar as aventuras para meus familiares , com a cabeça fervilhando logicamente para transformar tudo aquilo neste texto que compartilho com vocês.


Valeu o passeio, a beleza da natureza e a minha incompetência de entender a linguagem das vacas, que penso queriam ser minhas amigas, quem sabe trocarmos umas ideias sobre criação de filhos, kkkk. Segue a vida.


Èlida Gontijo - Novembro 2020.

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