Uma vida dedicada à educação e ao ensino

“Não sei dizer se fui eu quem a escolheu ou se fui por ela escolhido”, conta Fernando Campos, que começou a lecionar em 1992 e nunca mais parou

11/03/21 - 08:07

Celso Martinelli

O professor e psicólogo Fernando Campos tem sua história liga à educação. Atual diretor do Colégio Alpha, ele colaborou diretamente para a implantação da Fundação Antônio e Helena Zerrenne (Escola da Ambev) em Sete Lagoas. O ex-secretário de Educação do governo Maroca (2010) tem boas e vivas lembranças de sua infância e de personagens sete-lagoanos, como Tindurico, Wilson “Doido” e Isabel Trovão, dentre outros. Na oportunidade, Campos também considera que a população local deva ser mais participativa nos assuntos da cidade. “Cada um de nós, na sua área de atuação, pode fazer muito. Necessitamos arborizar a cidade, melhorar a limpeza, as manutenções que são feitas, estimular muito o comércio local e o polo acadêmico que timidamente se forma. E o que acho mais importante: investir pesado na melhoria da nossa Educação Básica”, afirma. Confira entrevista:

Quais suas lembranças da infância e juventude em Sete Lagoas?
Nasci em Sete Lagoas, mas mudei para São Paulo aos quatro anos. Devido ao processo de separação dos meus pais, tive a feliz oportunidade de morar alguns anos aqui na cidade, na companhia dos meus avós paternos. Essa alternância de cidade durou até os meus 18 anos, quando mudei para cá em definitivo. Trago na lembrança várias recordações da cidade, como a beleza do pôr do sol na Serra de Santa Helena, ainda totalmente desprovida de construções no seu pé; a queima do Judas, regado a fogos de artifício em frente à loja Bemoreira Ducal, na orla da Lagoa Paulino; o delicioso sorvete da Califórnia; a magia da cancela da estação ferroviária ao paralisar o minguado trânsito da rua Cel Randolfo Simões, indicando que a composição de trem se aproximava; e da Praça de Esportes e sua piscina de água bem gelada.  
Me lembro também de ilustres personagens da nossa cidade, como Isabel Trovão; dos versos que Wilson, chamado de doido, escrevia; do mudinho que perambulava por toda parte; e do Tindurico e suas extravagâncias. Como esquecer da pista de motocross inaugurada no Parque da Cascata em 1984; do delicioso cheiro da farinha de milho produzida pela Farsete; das estridentes sirenes das serrarias e pequenas fábricas, anunciando pontualmente o horário do almoço. 
Sinto muita falta é da tranquilidade com que andávamos pelas ruas da cidade a qualquer hora do dia ou da noite, sem a menor preocupação de sermos assaltados ou de sofrer qualquer tipo de violência. Estes, sem dúvida, foram tempos que desejo ardentemente que possam voltar um dia. 


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Em quais escolas estudou na cidade?
Minha trajetória estudantil começou no Instituto Brasil. Depois fui estudar no Milton Campos, a escola sem endereço fixo que à época funcionava no Casarão. Cursei ainda a 1ª e 4ª série na E,E. Doutor Arthur Bernardes e depois 5ª série e 1º ano do Ensino Médio no Colégio Regina Pacis. 

Quem é sua família?
Sou filho de Elaine Penna Abreu e Fernando Campos Abreu. Do lado paterno, destaco o meu bisavô, José Martins de Abreu, fazendeiro muito influente na região. Seu filho, pai do meu pai, era José Abreu Tico, também fazendeiro. Sua esposa, minha saudosa e querida avó Clélia Campos de Abreu, era filha de Claudina Campos Abreu (dona Sinhá) e Alyrio Campos, também fazendeiros em Prudente de Moraes. Do lado materno, sou neto de João Perboyre de Figueiredo e Odete Ribeiro Penna.
 
Qual lugar da cidade que você mais gosta?
Quando pequeno, gostava muito de ficar na Serra de Santa Helena, contemplando a extensão de Sete Lagoas, mas hoje prefiro ver o entardecer às margens da Lagoa José Felix, com a nossa lindíssima serra ao fundo. É um espetáculo à parte. 

O que o motivou a escolher sua profissão? Qual sua trajetória profissional?
Não sei dizer se fui eu quem a escolheu ou se fui por ela escolhido. Algum tempo depois de ter formado em técnico em Química pela Escola Técnica de Sete Lagoas, em 1992, fui convidado por uma ex-professora para substituí-la em uma licença nos Colégios Dom Silvério e Regina Pacis. Em seguida fui contratado para lecionar no Colégio Dom Silvério. Ato contínuo, fui lecionar no Colégio IMAGEN, da saudosa Marisa Galuppo. Cursei Ciências Biológicas na UFMG e posteriormente me tornei coordenador do Anglo e por lá permaneci até 2007, quando já estava cursando Psicologia na FUMEC. Em 2008, assumi a coordenação do Regina Pacis, permanecendo até o final de 2009, quando fui indicado para assumir a direção pedagógica do Colégio Sagrada Família, em Belo Horizonte. Em 2010 fui convidado pelo então prefeito Maroca para assumir a secretaria municipal de Educação. Em 2011 decidi pedir demissão e voltar para as minhas atividades como professor e psicólogo. Em 2012, o então vice-presidente da Fundação Antônio e Helena Zerrenner, o Dr Roberto H. Gusmão, me convidou para assumir o projeto de implantação da escola que receberia o seu nome aqui em Sete Lagoas, hoje popularmente conhecida como Escola da AmBev. Fiquei à frente deste projeto por quatro anos e só não assumi a direção porque já estava nesta mesma ocupação no Colégio Alpha e não podia acumular ambas as direções. 

O que você acha que Sete Lagoas mais precisa?
Acho que o que mais necessitamos neste momento é do engajamento da população. Precisamos ver a cidade como nossa, trabalhando arduamente para sua melhoria em todos os aspectos, pois deixar apenas a critério dos governantes não é suficiente. Cada um de nós, na sua área de atuação, pode fazer muito. Necessitamos arborizar a cidade, melhorar sua limpeza, melhorar as manutenções que são feitas, estimular o comércio local e o polo acadêmico que timidamente se forma. E o que acho mais importante, investir pesado na melhoria da nossa Educação Básica. O nosso IDEB ainda é muito baixo se comparado ao nosso potencial. Precisamos entender que apostar em educação de altíssima qualidade não é gasto, mas o melhor dos investimentos.

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