Luciana Veloso é melhor atriz por interpretação em 'A Obscena Senhora H - Paixão e Obra de Hilda Hilst'

Foi na terça-feira o Prêmio Cenym de Teatro Nacional 2020: o espetáculo, sucesso de crítica, é uma produção da sete-lagoana Janine Avelar

26/11/20 - 15:30

Foto: Guto Muniz
Foto: Guto Muniz

A atriz mineira Luciana Veloso recebeu nesta última terça-feira, dia 24, o Prêmio Cenym de Teatro Nacional 2020, categoria Melhor Atriz, pela interpretação solo no espetáculo “A Obscena Senhora H Paixão e Obra de Hilda Hilst”, do dramaturgo e diretor Juarez Guimarães Dias. Além desta premiação, a Academia de Artes do Teatro do Brasil – ATEB também indicou a peça como Melhor Monólogo. O espetáculo, que tem como produtora a sete-lagoana Janine Avelar, passou pela cidade no Teatro Preqaria, em novembro de 2018, com grande público.

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Além de Luciana Veloso, também foram indicadas ao prêmio de melhor atuação as atrizes Camila Pitanga, com a peça “Por que Não Vivemos”, Tânia Bondezan, em “A Golondrina”, Edvana Carvalho, em “Aos 50 Quem me Aguenta” e Inês Peixoto, com o espetáculo “Órfãs de Dinheiro”.

“Foi uma grata surpresa a indicação e uma felicidade o prêmio de Melhor Atriz para Luciana Veloso, que tem um trabalho dedicado, rigoroso e exemplar em cena, transitando entre a escritora Hilda Hilst e sua personagem Hillé. Significa muito ter esse reconhecimento em âmbito nacional, em um prêmio realizado fora de Minas Gerais”, destaca Juarez Guimarães.

 “Demonstra que o espetáculo está com um grande alcance e que estamos conseguindo dialogar com várias pessoas em diferentes lugares do país, que se reconhecem naquilo que faz tanto sentido pra gente”, completa Luciana Veloso.

No palco, Luciana Veloso encena momentos do relacionamento violento e abusivo, que a escritora brasileira Hilda Hilst vivenciou com seu primo Wilson Hilst. Com o tema violência contra as mulheres e o machismo sob a ótica dos dias atuais, o solo narrativo traz à cena um olhar questionador sobre a dominação masculina nas relações sociais, promovendo uma reflexão quanto à violência doméstica sofrida pela mulher. 

Para a sete-lagoana Janine Avelar, a premiação reconhece a importância do espetáculo no cenário contemporâneo. “O premio de Melhor Atriz para Luciana Veloso e a indicação a Melhor Monólogo chegam em 2020 para coroar a maturidade da peça, que traz importantes reflexões sobre machismo e opressão”, conclui a produtora do espetáculo. 

O Prêmio Nacional
O Cenym de Teatro Nacional foi criado em 2001 pelo ator, diretor e crítico de teatro Tom Williamson. É um prêmio de mérito entregue anualmente pela Academia de Artes do Teatro do Brasil, - ATEB, em reconhecimento a excelência dos profissionais e espetáculos que mais se destacam no teatro brasileiro. A votação é realizada por um grupo de membros da ATEB, formado por atores, atrizes, diretores, cenógrafos, coreógrafos, figurinistas, iluminadores, sonoplastas, maquiadores, críticos e outros profissionais da cena teatral do país. 

Montagem
O espetáculo reconta a paixão da premiada escritora brasileira Hilda Hilst por seu primo Wilson Hilst, vinte anos mais novo, durante a criação de um de seus mais aclamados livros, “A Obscena Senhora D”, no início da década de 1980. O encontro marca uma relação mais profunda entre vida e obra da escritora, em que realidade e ficção se misturam num mesmo enredo. 

A peça, que completa dois anos em cartaz desde a sua estreia, tem dramaturgia e encenação de Juarez Guimarães Dias e foi construído a partir de suas pesquisas sobre a Casa do Sol, para o romance “A Casa da Senhora H”.

Na próxima sexta-feira, dia 27, às 21h, estreia a versão online ao vivo do espetáculo dentro da Programação da Curadoria Hilst na FLIP – Festa Literária de Paraty, que permitirá ampliar o acesso ao público nacional. Os ingressos podem ser adquiridos pelo link: https://www.sympla.com.br/teatro-digital-a-obscena-senhora-h__1059382

A escritora 
HILDA HILST (1930-2004), escritora homenageada em 2018 pela Feira Literária de Paraty (Flip), foi uma poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira, considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX.

Hilda Hilst escreveu por quase cinquenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil, Prêmio PEN Clube de São Paulo, Prêmio Anchieta, Associação Paulista de Críticos de Arte (Prêmio APCA e Grande Prêmio da Crítica pelo Conjunto da Obra), Prêmio Jabuti e Prêmio Cassiano Ricardo (Clube de Poesia de São Paulo), Prêmio Moinho Santista, entre outros. 

Mudou-se para a Casa do Sol, construída na fazenda de sua mãe em 1966, onde passou a viver e produziu a maior parte de sua obra. Depois de sua morte, a casa tornou-se sede do Instituto Hilda Hilst e foi tombada pelo Patrimônio Histórico de Campinas.

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