Por Élida Gontijo
Crônicas
Simples assim
Élida Gontijo
Querer tudo o mais simples possível, prático, suave, leve. Assim como a flor silvestre, lá no meio do mato entre ramos, espinhos, procurar florir. Não querer sucesso, aplausos, vitórias, o importante é viver. Tocar o coração daqueles que precisam do meu afeto, olhar o outro com mais ternura, empatia. Abraçar as missões que Deus me apresenta a cada dia.Sentir o perfume das flores, minhas amigas que enfeitam minha vida. Não sonhar riquezas, meu melhor patrimônio é a vida e a ela sempre digo: sim. É preciso descomplicar, viver agora, parar de conjugar os verbos no futuro, buscar menos.
Curtir mais ainda um livro bom, as orações que me tranquilizam, o carinho dos amigos. Não ficar preocupada se meu rosto já apresenta rugas, elas têm toda uma história. Frear um pouco o querer fazer tudo que está na agenda, procurar respirar e fazer uma coisa de cada vez, mas bem feita.
Ter a sinceridade das crianças, nada do agradar sempre. Não ir a lugar nenhum sem querer, já tenho idade suficiente para escolher. Engolir o choro também não, abrir as comportas dos olhos quando necessário e deixar fluir tudo que incomodar. Contemplar mais as estrelas, a lua, o entardecer, o olhar puro das cadelas, minhas fiéis companheiras. Vestir as roupas sem compromisso especial, a data de estreia é o hoje, agora. Tomar o vinho em taças de cristal, presente de bodas, passou a ser sem data também, sinto no direito de ser bem tratada.
Sonhar com uma chuva mansinha e constante, lavar as poeiras, apagar as queimadas nas matas, refrescar meu coração. Olhar os telhados molhados, acordar com o barulhinho gostoso, admirar as enxurradas levando tudo, lavando , purificando.
Seguir poetizando, fazer da palavra minha arma de amor: simples assim.
Élida Gontijo – setembro- 2021.
Élida Gontijo
Élida Gontijo