Coluna Espírita

Esquecimento do passado

07/03/21 - 08:23

Por Aloísio Vander

Aloísio Vander

O argumento mais comum, em oposição à doutrina da reencarnação, é o que diz respeito ao esquecimento do passado. Assim, os opositores questionam: “Se nós somos Espíritos reencarnados, egressos de múltiplas existências, por que então delas não nos recordamos?”

É de simples entendimento as razões de olvidarmos o nosso passado. Em primeiro lugar, devemos considerar a Misericórdia do Criador, que nos faculta o recomeço das tarefas mal aproveitadas no pretérito, suprimindo-nos da zona do consciente as lembranças amargas que nos alimentariam sentimentos como o remorso, a mágoa, o medo, a desconfiança, a vergonha, que obstaculizariam os nossos passos, na direção de mais altas conquistas espirituais.

A própria sociedade, se recordasse os delitos graves cometidos por alguns de seus elementos, mesmo que localizados em passado remoto, não lhes pouparia com seu preconceito, tal qual já faz aos atuais delinquentes.

Outras razões são de ordem psíquica e biológica.

Na preparação para o retorno à matéria, o Espírito entra em sono profundo, sono que, por vezes, tem início antes mesmo da sua vinculação ao zigoto.

Ao reencarnar, o Espírito recebe um cérebro novo, portanto sem qualquer registro mnemônico. Pela diferença dimencional entre o Espírito e o corpo de carne, aquele não consegue transferir para este o seu arquivo de experiências vividas no passado. Pelo menos de forma integral. Esse arquivo chegará pouco a pouco, lentamente, ao campo cerebral, em forma de tendências, aptidões e impulsos inatos, à medida em que o cérebro se desenvolve. Essas tendências manifestam-se desde a infância, expandindo-se no transcorrer da adolescência e consolidando-se na idade adulta.

Se o Espírito reencarnante for moralmente atrasado, e se não foi burilado pela educação no lar desde o nascimento, passará a apresentar-se tal qual era nas existências anteriores, e, quase sempre, resvalando para o pântano de velhos vícios.

Sendo assim, é preciso considerar a grande utilidade do esquecimento do passado que, de forma alguma, nos priva dos benefícios das conquistas encetadas no passado remoto. Ele sim, favorece-nos a aproximação com as situações e pessoas das quais necessitamos para a indispensável restauração, melhoria e engrandecimento dos valores que o Pai Celestial nos confiou desde que fomos por Ele criados.

Aloísio Vander