Coluna Católica

Coluna Católica | Fratelli Tutti - A exigência da alteridade

26/10/20 - 09:58

Por Padre Evandro Bastos

O grande marco histórico da modernidade, a Revolução Francesa, trouxe as grandes chamadas da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade como valores incríveis para toda a humanidade. O Papa Francisco na sua Encíclica, Fratelli Tutti, destaca que a liberdade e a igualdade já estão em quase todas as Cartas Magnas das Nações, apontando para como esses direitos garantidos e conquistados são fundamentais. Mas, desafia-nos a pensar a dificuldade que estamos encontrando para sustentar o que fundamenta o valores do ser livre e de direitos iguais: A Fraternidade.

 

É muito comum criticarmos os protestantes que se cumprimentam na fila do banco: “Paz do Senhor, Irmão”! Outra hora, criticávamos o bispo que chamava todos de “irmãozinho”, “irmãzinha”. A fraternidade, a condição de irmãos, o lugar de sintonia profunda entre nós é o chão mais provocativo dessa encíclica. Todos irmãos? Competindo em tudo e para tudo? Todos irmãos? Atropelando tudo e todos? Todos irmãos? Acumulando ao lado da fome e da miséria? A expressão de São Francisco está inserida na sua bela exortação à totalidade fraterna com aquilo que a vida traz: O irmão sol, a irmã lua, o irmão pobre, a irmã trabalhadora, são todos parte da grande família que formamos para a garantia da vida, da esperança, do futuro.

 

Penso que muitos irmãos e irmãs quando brigam por herança, mais que interesses pessoais, estão sofridos pela insegurança da ausência. O luto produz um retorno da energia oferecida no amor aos pais, para os viventes, para os que ficam, os irmãos. No entanto, cada um recebe esse retorno de amor sobre si mesmo. É nesse momento, que psiquicamente é preciso canalizar esse amor ao outro, os irmãos. Quando não é estabelecida essa condição, o ego inflamado e ferido produz melancolia doentia e bélica. Algum pensam em auto extermínio, outros em guerra.

 

O equilíbrio humano precisa do trabalho pelo equilíbrio mundial. Não basta ser livre para escolher se não houver igualdade de direitos para a escolha. Não basta ser tratado como igual se não forem oferecidas oportunidades de liberdade para os diferentes. Não será possível a liberdade ou a igualdade se não sagrarmos os pés no chão desafiador da fraternidade. Precisamos do outro! Precisamos dos irmãos!

 

Evandro Bastos

evandroabastos@yahoo.com.br

 

Padre Evandro Bastos

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