Coluna Católica

Coluna Católica | Provocações acerca do mês da bíblia com o Deuteronômio

20/09/20 - 08:00

Por Padre Warlem Dias

“ABRE A TUA MÃO PARA O TEU IRMÃO” Dt 15,11

 

Com este toque iluminador somos convidados a ler, meditar, rezar, contemplar e compreender as “leis” a partir do Livro do DEUTERONÔMIO, com a pergunta: “essa lei está a favor da vida?” Ao mesmo tempo se ouve um mantra: “escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19).

 

Passamos da metade de setembro, mês dedicado à Palavra de Deus, no seu conjunto a Bíblia. Há mais de 50 anos vivemos este esforço.  Temos a graça de várias belezas no encontro com a Palavra de Deus: os círculos bíblicos, o Mobon – Movimento boa Nova, CEBI – Centro de Estudo Bíblico, o SAB – Serviço de Animação Bíblica e a redescoberta da Leitura Orante da Palavra de Deus no cotidiano.

Mesmo com estes 50 anos, carregamos as nossas feiuras: analfabetismo e fundamentalismo bíblico; pouca familiaridade e intimidade; “Bíblia” desconectada da realidade e da vida.

 

A Palavra de Deus é alimento cotidiano, evoca, convoca e provoca. Nela contém as raízes das mais diversas experiências de fé do Povo de Deus.

Então, o nosso desafio é o livro do DEUTERONÔMIO, no convite a “abrir a mão ao teu irmão”, nestes tempos de tanta gente que têm as mãos nos bolsos.

 

O objetivo desta “lei” é observar melhor a “Lei de Deus”: “Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descentes possam viver” (Dt 30, 19). A Lei é para arte de bem governar na justiça e dignidade de todos. O Deuteronômio é provocativo no cuidado social ao dizer: quando houver um pobre no vosso meio, é porque a Aliança com Javé foi quebrada (Dt 15,4). 

 

O Deuteronômio foi um longo movimento, IV séculos de construção, complexo e feito mosaico, em tempos e interesses diversos. Portanto, encontraremos deste as leis que defendem os pobres à leis que submetem os pobres; desde a centralização do poder e do lucro à lei da partilha e solidariedade. Encontraremos a imagens de um Deus castigador, ciumento e nacionalista à imagem de um Deus sensível. 

 

Uma boa leitura deste livro poderia ser ao lado da Constituição da República Federal de 1988. Poderíamos tomar os diversos remendos e perguntar: Quem fez? Que interesses estavam em cena? De maneira mais suave: Esta lei favorece a vida? De quem? Traz a dignidade de todos? 

“Amando a Javé teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele. Porque disto depende a tua vida e o prolongamento dos teus dias” (Dt 30, 20).

 

Warlem Dias

diaswarlem@gmail.com.br

 

Padre Warlem Dias

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