Por que está tão frio em Sete Lagoas?

Na madrugada de quinta-feira (19) Sete Lagoas teve o dia mais frio dos últimos 37 anos, e o fim de semana promete continuar gelado. Entenda os efeitos do Ciclone Yakecan na cidade.

20/05/22 - 11:31

Lagoa da Boa Vista amanheceu bastante nublada. Foto: Luciana de Oliveira/Coletivo Interiorizar
Lagoa da Boa Vista amanheceu bastante nublada. Foto: Luciana de Oliveira/Coletivo Interiorizar

Por Roberta Lanza

O clima no nosso planeta está passando por grandes mudanças causadas pelas ações antrópicas, isto é, impactos da ação humana sobre o meio ambiente. Algumas regiões estão passando por fortes estiagens e altas temperaturas, enquanto outras são afetadas por ondas de frio. São os chamados eventos extremos. 


“Nos meses de janeiro e fevereiro tivemos as grandes catástrofes causadas pelos temporais na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O fenômeno La Niña continua agindo com intensidade e normalmente causa estiagens severas no centro-sul do país e maiores incidências de chuvas no Nordeste e Região Norte. Manaus está sofrendo com mais uma grande cheia do Rio Negro”, pontua o pesquisador da Embrapa, Daniel Pereira Guimarães. A partir de julho começa a temporada de furacões no hemisfério norte e nessa semana tivemos a formação do Ciclone Subtropical Yakecan no oceano entre o Rio Grande do Sul e Uruguai.

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Enquanto nos Estados Unidos os furacões recebem nomes próprios de pessoas, aqui no Brasil a Norma da Autoridade Marítima para Meteorologia Marítima – Normam, designa nomes indígenas para os ciclones que podem causar grandes impactos regionais. O nome Yakekan significa “Som do Céu” na língua tupi-guarani.   A formação em localização austral (sul) ocasionou fortes vendavais e queda de temperatura nos estados da Região Sul, inclusive com a ocorrência de neve nas regiões mais altas do RS e SC. 


Por se tratar de evento de grande intensidade, tivemos impactos também nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, com a ocorrência de chuvas (alguns casos de queda de granizo) seguido de acentuada queda nas temperaturas.


Na madrugada de quinta-feira, Sete Lagoas teve o dia mais frio dos últimos 37 anos, com registro da temperatura mínima de 3,4 ºC na estação meteorológica do Inmet, instalada na Embrapa. Essa temperatura foi a terceira menor em todo o estado, sendo superada apenas pelas baixas temperaturas ocorridas em Patrocínio (3,1ºC) e Monte Verde (2,8ºC). A temperatura mínima de Sete Lagoas foi um grau abaixo da registrada em Maria da Fé, normalmente o município mais frio de Minas Gerais. 


“Uma curiosidade sobre as temperaturas de Sete Lagoas é que em 96 anos de registros nunca tivemos temperaturas negativas ou maiores que 40 graus, o que é um bom indicativo do clima na região. Os riscos de geadas foram baixos em todo o estado de Minas Gerais e o INMET reportou apenas pontos isolados no município de Delfim Moreira. A combinação de chuvas e baixas temperaturas poderá causar impactos negativos nas pastagens, com prejuízos na pecuária”, observou Daniel Guimarães.


Ainda de acordo com o pesquisador, os modelos estão indicando que as menores temperaturas serão desta quinta (19) e sexta-feira (20). A volta à normalidade climática será lenta, com duração de pelo menos uma semana, e não há previsão de chuvas para os próximos 15 dias em Sete Lagoas.

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O fim de semana no município promete continuar gelado. De acordo com o Clima Tempo, a temperatura mínima chegará a 7°C nesta sexta-feira (20) e a máxima em 23°C neste sábado (21) e domingo (22). Apesar do frio, o tempo será de sol com algumas nuvens. 


“Essas condições de clima seco e baixas temperaturas favorecem a ocorrência de doenças ligadas ao aparelho respiratório. É muito importante se precaver tendo em vista a ocorrência da pandemia de Covid e outras afecções”, alertou Daniel.

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