Élida Gontijo - Está faltando amar

26/06/20 - 10:58

Completando esta semana três meses em casa, saindo só para o estritamente necessário, faço um balanço deste tempo de pandemia. Quanta coisa mudou na minha vida, das pessoas em geral, do mundo inteiro. Já escrevi muitos textos a respeito, mas fazendo uma análise me deparei com uma triste realidade, está faltando: empatia, fé, respeito. Enquanto um vírus mata milhares, a violência vai tirando vidas no silêncio entre um noticiário e outro. Quantos assassinatos, negros sendo mortos por “engano” mulheres sendo agredidas sem ter a quem recorrer. Mas é o COVID-19 que está matando, a falta de amor não conta, não sobe nem desce a curva, não tem destaque nos jornais, revistas, não dá ibope.

Tem uma música da Kell Smith, que adoro este trecho em especial: “não está faltando amor, está faltando amar.....’Nem uma pandemia conseguiu mudar a postura de muitas pessoas, o certo passou a ser o errado e vice versa. Tem que hora que me belisco pra ver se não estou sonhando.

A política é melhor nem falar, posso adquirir mais problemas, ser mal interpretada como muitos estão sendo, cada um defendendo seu quinhão e a culpa é do vírus.

Fico pensando a vergonha que o pai maior deve estar sentindo de sua criação, quantos exemplos dados para não serem seguidos, mas como tudo têm dois lados , com as igrejas, os templos fechados , o homem teve que criar seus altares internos ou mesmo externos num cantinho da casa e firmar na fé, rezar, pedir, abrandar o medo. Perceber que há uma inversão de papéis, Deus é outro, não tem saldo bancário, muitos bens, o salvador sempre viveu com pouco.

Há pessoas assim como eu fazendo sua parte, ficando em casa, tomando todos os cuidados, enquanto outras fazem festas, vão aos bares, como se fossem caso de vida ou morte, mas na verdade é de morte, não para um, mas para muitos. Sei que minhas palavras desta semana estão mais pesadas, não trazem a suavidade típica dos meus textos, elas precisam valer dos seus direitos, trazer um significado pra quem não quer procurar no dicionário da vida. É preciso que elas cheguem em todos os cantos A minha escrita traz esta missão, alegrar, dar uma leveza, mas sacudir, conscientizar, criar caminhos bem traçados em que todos possam trilhar sem distinção.

Espero que cada um ao correr os olhos por estas linhas pensem o seu papel diante desta pandemia, deste freio que paralisou o mundo e nos colocou na cadeirinha do pensamento. Resta saber quem pensou e mudou de alguma forma, não perco a esperança nunca, acredito em Deus, na natureza que colore os meus dias, no carinho dos meus amigos, eles existem, não em grande número, mas carregadinhos de valores, princípios. Sigo acreditando em mudanças, vislumbro na linha do horizonte mais empatia, respeito, amor.

Élida Gontijo
Junho 2020

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