A NOSSA HISTÓRIA: ELES AMARAM SETE LAGOAS!

11/06/22 - 08:00

Capa do Livro: Trovas, ruas e logradouros de Sete Lagoas
Capa do Livro: Trovas, ruas e logradouros de Sete Lagoas

Consultando as obras que mantenho em cima de um arquivo de aço, junto à mesa do computador, para não perdê-las de vista – como ocorre com outras que estão na estante, cada vez mais distantes em função de minha aposentadoria – encontrei joia rara: o livro de “Trovas” sobre as ruas e praças de nossa cidade, editado pela União Brasileira de Trovadores (UBT), em 1977, para comemorar o 110º aniversário de Sete Lagoas e o lançamento da obra de Joaquim Dias Drummond, “Passado Compassado de Sete Lagoas”. “Trovas” traz uma série de poesias sobre as pessoas que contribuíram para a história da cidade e que, por isso, tiveram os seus nomes imortalizados nos espaços públicos do município. Amaram Sete Lagoas tanto quanto os trovadores e trovadoras que escreveram esses belos poemas. Traz-nos à recordação fatos antigos, que nos enchem de saudade. Saudade de um tempo que não volta, mas que fica guardado em nossa memória, como o verso da saudosa Dalva Campelo Castanheira, intitulado “Rua Dr. Pena”: “Rua das Flores! Poesia, que a gente sonha encantada. A conversa, ao fim do dia, sentados sobre a calçada. Rua das Flores, serena ... Como esse nome enternece! Hoje és Rua Dr. Pena, mas, o encanto permanece. Já de início por mistério, grande destino terias: ser berço do magistério e lar do Padre Messias. Rua “Suja” te chamaram, mas isso nunca entendi! Era o mato, que cortaram? Quem nos dera estar aqui! Tinhas riacho cortante, rolinha “fogo-pagou”, hoje, o barulho constante do progresso que chegou. Dos “Passos” tinhas capela, de tradição tão bonita, abrigando dentro d’ela, a imagem de Santa Rita. Se dessas coisas tão tuas, muitas viraram saudade, fielmente continuas, Rua da fraternidade” (pág. 77). 

“Berço do magistério” – diz a poetisa – porque foi ali, no nº 10, que o Colégio Dom Silvério nasceu, com o seu primeiro nome: Colégio Eucarístico da Independência. “Independência”, pois foi no histórico Cine Meridiano, durante as comemorações do Centenário da Independência, que o Padre Messias lançou o desafio da construção do colégio secundário. “Lar do Padre Messias”: sim, ele residia ao lado da escola. Fato que nos remete a mais uma prova de sua bondade: ao saber que as alunas pulavam a cerca para colher frutas no quintal de sua chácara – goiabas, mangas, jabuticabas, ameixas e amoras – mandou retirá-la, deixando livre o caminho (JOSÉ AUGUSTO FARIA DE SOUSA, Caminhando para Deus, uma biografia de Monsenhor Messias de Senna Baptista, pág. 171. Sete Lagoas, 1996, 228 páginas). O “riacho cortante” era aquele que saía da Lagoa Paulino e desembocava no Córrego do Diogo. Hoje está escondido. Dos “Passos” e “da capela”, com a imagem de “Santa Rita”, lembra-nos o festejado JOVELINO LANZA: “Passos: eram as igrejinhas construídas pelos antigos sete-lagoanos ao longo das ruas onde deveria passar Nossa Senhora. Tínhamos seis Passos: um situado na rua Suja e também conhecido como Igrejinha de Santa Rita; outro no princípio da Rua Sousa Viana; outro na Rua Senhor dos Passos, onde se construiu a casa do Geraldo Azeredo; outro onde agora se vê o Ginásio D. Silvério; outro entre a casa de João Martins de Abreu e Aníbal Lanza Júnior, ambos na Rua Silva Jardim e, finalmente, o último, na Praça Tiradentes, junto à casa do Dr. João Batista. Desses, atualmente, só existem a Igrejinha de Santa Rita e o ligado à casa do Dr. Batista” (MINHA SETE LAGOAS, Crônicas, pág. 73. Belo Horizonte: Carneiro e Cia. Editores, 1958. 204 páginas). Hoje não mais! Também desapareceram! Quanta história guarda o poema da Rua Dr. Pena! E todos os outros publicados no livro de “Trovas”, organizado pela poetisa Judith Coelho Maciel, como Presidenta da Seção da União Brasileira dos Trovadores (UBT), em Sete Lagoas! Oportuna, também, a homenagem póstuma feita a Luiz Otávio, falecido em 31-01-1977, fundador da entidade que nos proporcionou, por seus seguidores, mais um belo capítulo de nossa história!

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